quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ROSENTHAL CENTER FOR CONTEMPORARY ART

Localizado em lote de esquina em Cincinnati, capital do estado de Ohio, o Rosenthal Center for Contemporary Art (RCCA) possui espaços para exposições temporárias, instalações e performances, mas não para mostras permanentes. O edifício abriga ainda salas de aulas, setor de preparação de exposições, escritórios, loja e café.
Para intensificar o movimento de pedestres na redondeza e criar um espaço público dinâmico, a entrada, o lobby e as áreas ao redor do sistema de circulação são organizados como se fizessem parte do tecido urbano. Começando na esquina, o piso de concreto se transforma em parede, adquirindo a forma de fundo infinito de um estúdio de fotografia, uma continuidade descontínua.
Erguendo-se e deslocando-se, essa continuação do tecido urbano imaginado por Hadid conduz os visitantes para a rampa que leva ao mezanino, e continua subindo até penetrar na caixa preta, onde está a galeria de exposições. Esta, em contraste, se expressa por uma sucessão de polimentos no material de revestimento, como se tivesse sido esculpida em um único bloco de concreto que flutua sobre todo o lobby.
Os espaços de exposições podem mudar de tamanho e forma, para acomodar a grande variação de escala da arte contemporânea. Segundo a arquiteta, as visuais de dentro das galerias em direção à área de circulação são imprevisíveis, criando diferentes percepções das rampas em ziguezague, que sobem por uma estreita fenda. Ao mesmo tempo, essas diversas galerias se relacionam como se fossem um quebra-cabeça tridimensional, criado por cheios e vazios.
Por estar em lote de esquina, o projeto possui duas fachadas, diferentes mas complementares. A face sul, aberta para a 6th Street, forma ondulações e uma pele transparente que permite observar o interior do RCCA. A fachada leste, na Walnut Street, apresenta-se como uma escultura saliente, que produz uma marca, em negativo, do interior das galerias.


VITRA FIRE STATION

As funções de proteção e definição de espaços significaram o ponto de partida do desenrolar do conceito arquitetônico desta edificação: uma série linear e estratificada de paredes. O programa ocupa os espaços que resultam entre essas paredes, perfurando-os, inclinando-se e inclinando-se e quebrando-se de acordo com os correspondentes requisitos funcionais. O edifício é hermético desde uma leitura frontal, revelando seu interior unicamente através de uma perspectiva perpendicular. Passando pelos espaços da estação, permite às vezes, a visão momentânea dos grandes caminhões vermelhos, estacionados na garagem. Suas rotas estão desenhadas no asfalto. De forma similar, os exercícios ritualizados dos bombeiros se desenham no solo, em uma série de notações coreográficas. O edifício inteiro é movimento congelado. De algum modo pretende expressar essa tensão de permanecer alerta e pronto para poder entrar em ação a qualquer momento. As paredes parecem deslizar-se umas sobre as outras, enquanto que as grandes portas deslizantes formam na realidade uma parede móvel.

Todo o edifício está construído em concreto armado aparente. Tratou-se de evitar qualquer classe de acessório – como guarnições, ou revestimentos nos cantos – porque ofuscaria a simplicidade da forma prismática e a qualidade abstrata do conceito arquitetônico. Hoje a estação abriga o Museu de Cadeiras.

ZAHA HADID: VIDA E OBRA

Zaha Hadid nasceu em Bagdá no dia 31 de Outubro de 1950. Formou-se em matemática na Universidade Americana de Beirute. Após se formar, passou a estudar na Architectural Association de Londres. Depois de se graduar arquiteta (1977), tornou-se membro do Office for Metropolitan Arquitecture, o que a levou de volta à Architectural Association (AA), para lecionar juntamente com seu antigo professor Rem Koolhaas e com Elia Zenghelis.

Durante mais de duas décadas a arquiteta não conseguiu viabilizar seus ousados projetos. Apesar da chegada dos computadores e do avanço tecnológico, o público ainda não estava pronto para a nova ordem arquitetônica de Zaha Hadid: libertação de todos os códigos existentes. Nesse mesmo tempo, ela se consagrou professora convidada nas escolas de arquitetura da Universidade de Harvard e Columbia. Também deu aulas na Universidade de Chicago. Durante o ano de 1994, Zaha ocupou a cadeira Kenzo Tange na Graduate School of Design da Universidade de Harvard. Hoje ela tem dado aulas e conferências em todo o mundo.

Em 1983 sua obra mereceu reconhecimento internacional, com o primeiro lugar no concurso para o desenho do The Peak Club, em Hong Kong. Até os dias de hoje são dezenas os projetos de Zaha Hadid que receberam premiações, entre eles estão: Kurfürstendamm, em Berlim (1986); Centro de Arte de Mídia de Düsseldorf (1993); Casa de Ópera da baía de Cardiff (1994) e o Rosenthal Center for Contemporary Art. Muitos dos seus projetos premiados não foram construídos.

Em 1988, Zaha fez parte do pequeno e seleto grupo de arquitetos a quem Philip Johnson consagrou a exposição: Desconstrutivismo (quebra do tradicional arquitetônico). O seu trabalho evidencia as suas capacidades para lidar com as características de cada. espaço urbano, expandindo e intensificando as relações com a paisagem existente, procurando atingir uma estética de caráter visionário.

Os avançados e diferentes projetos de Zaha, que anteriormente, não eram construídos devido à sua ousadia, começaram então a cair no gosto popular, que se tornava cada vez mais ousado, e algumas obras de Zaha Hadid foram concluídas, com entusiasmo, em todo o mundo. Algumas foram resultado de concursos, e outras foram feitas por convite. Em 1999, ela foi convidada a projetar um espaço dentro do Millenium Dome, batizado de Mind Zone. Em 2000 foi concluído o pavilhão do jardim em Weil am Rhein, na Alemanha. Depois vieram a estação de Estrasburgo, França (2001), e a rampa de esqui em Innsbruck, Áustria (2002). Estes projetos foram capa de diversas revistas pelo mundo, e deixou claro que Zaha Hadid tinha entrado em uma fase prática da sua arquitetura.

Em 2003, Hadid além de ter recebido o prêmio Mies Van der Rohe de melhor edifício da Europa, viu uma das mais importantes de suas obras ser concluída: O Rosenthal Center for Contemporary Art, em Cincinati, Estados Unidos, cujo concurso venceu em 1998. O edifício foi considerado o mais importante museu norte-americano desde o pós-guerra, além de ter recebido elogios por toda parte da imprensa. Depois dessa obra, Hadid passou a ser cogitada para diversos outros projetos.

Em 1999, Hadid venceu outro importante concurso para uma edificação com o mesmo programa do Rosenthal: O Centro de arte Contemporânea de Roma, considerado um dos mais interessantes projetos da arquiteta e o primeiro museu que a Itália dedicará ao tema. Neste mesmo ano, a equipe de Zaha venceu o concurso internacional para a nova rampa de esqui da montanha Bergisel, em Innsbruck, Áustria, que foi inaugurada no ano 2002.

No ano de 2000, Zaha venceu mais um concurso, para o Centro de Ciência em Wolfsburg, na Alemanha. Esse edifício, será a primeira edificação do gênero no país. O prédio deverá aguçar a curiosidade das pessoas que o visitam, por possuir um aspecto misterioso, com um alto grau de complexidade e estranheza.

A arquiteta continuou a ganhar concursos nos anos seguintes. Ainda no ano 2000, obteve o primeiro prêmio na competição para o terminal marítimo de Salemo, Itália. No ano seguinte foi premiada pelo plano geral do Pólo de Ciência de Cingapura. Em 2002, foi a vez da sede da BMW, em Leipzig, Alemanha, e do Centro de Arte, França.

Em 2004, Zaha Hadid foi premiada com o mais importante prêmio da arquitetura, o Pritzker Arquitecture, pelo conjunto da sua obra, ao ser atribuído a ela, este prêmio veio ajudar a olhar com mais atenção a história da presença das mulheres na arquitetura.

Zaha é uma arquiteta teórica e prática. Por muito tempo ela ficou conhecida pelos projetos que não conseguiu tirar do papel, do que pelos que realmente concretizou. E mesmo sabendo disso, ela defende a importância de construir projetos teóricos, pois desse modo, ela “transcende a idéia de fazer estruturas interessantes para conseguir verdadeiras estratégias construídas.”

Zaha Hadid coloca em seus projetos o conceito de deformação, da estratificação e da justaposição, introduzindo assim, a complexidade nos objetos arquitetônicos. Os admiradores do seu trabalho costumam engrandecer sua articulação espacial, sua mobilidade fluida, e a maneira como seus trabalhos exaltam paisagens naturais que conferem aos seus projetos uma beleza dinâmica e um grande poder de inovação. Zaha é tida como uma das melhores interpretes do mundo atual.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Aldo Rossi



Aldo Rossi foi um arquiteto e teórico italiano. Em 1990 foi ganhador do Prêmio Pritzker pelo conjunto de sua obra. Costumava utilizar em seus projetos formas como cubos, cones e esferas. Se utilizava muito de croquis para desenvolver suas criações explorando a perspectiva.

Aldo Rossi era defensor dos valores emblemáticos dos monumentos e da malha original ainda existente nas cidades européias, como representação da identidade dos lugares, e a necessidade de novas inserções que interajam com as preexistentes assim como com o ambiente em si.

Aldo Rossi vê a cidade moderna por uma óptica distinta à que Robert Venturi (arquiteto americano o qual foi comentado em postagens anteriores)

Enquanto Robert Venturi valoriza uma arquitetura de comunicação voltada para uma via de circulação expressa. A planta do edifício não importa mais, um mesmo galpão pode abrigar uma fábrica ou uma igreja – o que difere uma de outra é o painel na fachada que informa qual o uso do prédio.

Aldo Rossi vê a mesma cidade moderna como um organismo sem vida. Esta morte da cidade foi causada, segundo Rossi, por um projeto moderno totalmente abstrato, o estilo Internacional, que fez o cidadão perder todas suas referências de identidade numa cidade homogênea, igual em todos os cantos. Tendo por base as cidades italianas. Rossi defende uma malha urbana sinuosa e não óbvia demais ou seja, se a cidade sem vida tem como uma de suas características o quadriculado de ruas das cidades modernas, a cidade viva deve criar impressões de surpresa a cada curva de uma rua, assim como as cidades antigas italianas.

Aldo Rossi também define a diferença entre tipo e modelo: tipo como família tipológica, que admite um grupo de variações, ou seja, uma linguagem variada e que ao mesmo tempo faz referências às outras construções sem imitá-las; modelo é tido por Rossi como standart, um objeto destinado a ser reproduzido por imitação, assim como o estilo Internacional moderno.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A monumentalidade da luz

O Iluminismo, movimento caracterizado por adotar a razão e a ciência como meio para justificar a existência das formas.
No auge desta época destacam-se como herdeiros desta filosofia os arquitetos Bouleé e Ledoux, os quais disseminaram a dualidade forma x função, assim como permaneceram embebidos com os ideais do Classicismo.
Nesta época foram descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como a pedra e a madeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde pelo concreto armado) e pelo metal.
Paralelamente, profu
ndamente influenciados pelo contexto cultural do Iluminismo europeu, os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da estética anterior e o exagero luxuriante do Barroco.
A obsessão de Bouleé era captar a luz de forma que ela evocasse a presença do divino, também como elevar os seus monumentos a um estado onipotente.
Para Ledoux funcionalismo era prerrogativa para as suas composições arquitetônicas porém sem se desvencilhar dos conceitos clássicos.
O compromisso era e
rguer através da matemática e da física, elementos gráficos e simbólicos.
Essa dupla enraizou seus conceitos para a posteridade deixando discípulos, um deles que obteve grande destaque foi Louis Kahn arquiteto americano cujas obras, de caráter muito particular, sofreram significativa influência, caracterizando-se especialmente pelo estudo da incidência da luz.
Com seus edifícios d
e concreto armado critica as soluções frias de Gropius e Mies que levaram a criação do estilo internacional, no qual uma das principais características é a fachada-cortina (curtain-wall).
Kahn repele soluções standard e procura relacionar os seus edifícios com o contexto no qual se inserem, o qual a sua própria estrutura determina a forma, com relações de cheios e vazios, reentrâncias e saliências e ate mesmo o claro e o escuro, brincando com jogos de efeitos geométricos.
Em suas obras Kahn utiliza uma arquitetura voltada para a monumentalidade, sendo uma recriação da história que volta a ser convite e estímulo a criatividade, a sua arquitetura é monumento pela escala projetada, mais do que pela imagem formal atingida, portanto, que, mesmo voltado para a história, possui a originalidade das grandes invenções.

Contemporaneamente a esta época, ocorria isoladamente na Rússia, nação excluída do eixo arquitetônico ocidental, arquiteturas que possuíam características semelhantes, porém diferentes em seu caráter e ideologia conceitual.

A monumentalidade utópica da escala projetual estava presente em ambas composições, por isto El Lissitzky se destaca como um arquiteto oriental mesmo havendo boicotes ocidentais a esta casta.

Obras de Louis Kahn

Louis Kahn

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Aprendendo o que com Salvador?

Fazendo um passeio por Salvador, comparando-a com o Salvador do passado e fazendo uma analogia com a cidade de Las Vegas (conforme leitura de trechos do livro "Aprendendo com Las Vegas" e texto de Fernando Serapião e Pasqualino Magnavita) pode-se observar que as cidades passam por grandes tranformações ao longo do tempo e que essas transformações nem sempre trazem beneficios para a população e sim para grupos de empreendedores que possuem capital e produzem edificações que atendam aos seus interesses e assim sem a menor preocupação com a arquitetura em si, este grupo está interessado em persuadir e convencer através da simbologia como marca pela comunicação.

A forma de transmitir as sensações que estimulam ao consumo são "jogadas" em frente aos seus edifícios, formando um verdadeiro corredor de grandes tótens e painéis para atingir aos passantes em alta velocidade, como em Lauro de Freitas, causando nos transeuntes um incômodo pela confusão na disposição das placas de publicidade.

Outra forma de aguçar o desejo é criar a própria arquitetura como símbolo, como o grupo Insinuante, que começaram com uma simples marca e hoje, todas as suas grandes lojas possuem na sua entrada a logomarca como convite e a este tipo de arquitetura foi denominado por Robert Venturi como Galpão decorado, que consiste em uma edificação “como abrigo genérico cujas superfícies planas são decoradas”.


A arquitetura Pato, como diz Venturi, está inserida em Salvador de forma recatada, sendo difícil o seu encontro pela cidade. Caracterizada pela sua própria arquitetura sugerir o uso ao qual se destina a edificação. Pode-se ver ao lado do restaurante Prazeres da Pizza, um espaço para festas infantis com essas características, como também na Av. Vasco da Gama, onde possuí lojas de pneus como uma grande arco em forma de pneu, outra oficina de carro, como um carro suspenso na sua fachada. Em Pirajá, uma loja de peças exclusivas de caminhão também possui na sua fachada uma carcaça do automóvel.


Enfim, culturalmente falando ainda é muito complicado produzir arquiteturas de primeiro plano, pois, a especulação imobiliária, a tecnologia, o turismo e o desejo de grandes investidores são fatores avassaladores para recriar uma urbanidade imagética e lúdica evidenciando o lucro.



quinta-feira, 7 de junho de 2007

A seguir...



Mostraremos alguns exemplos de Arquiteturas Pato e Galpões Decorados em Salvador...




O que é isso, companheiro???

O que pode ser pior de que uma má arquitetura?

Creio que seja a intenção de arquitetos tentarem produzir réplicas de monumentos existentes ou criar decorações em suas fachadas tentando exibir, através da sua fachada, o uso ao qual se destina a edificação.

A este tipo de arquitetura foi criado um conceito de Arquitetura pato ou galpão decorado que nada mais é do que uma imitação de arquiteturas mundialmente consagradas, existentes ou ate mesmo já extintas, como também a tentativa de induzir o observador a identificar seu uso através da sua forma arquitetônica.

Alguns exemplos dessa arquitetura:

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Identidade

João da Gama Filgueiras Lima, Lelé, nascido em 10 de janeiro de 1932 no Rio de Janeiro, se formou pela Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro em 1955. Iniciou sua carreira durante a construção de Brasília, onde participou como protagonista de um dos momentos mais importantes do modernismo brasileiro, o nascimento da capital federal, projetando, construindo e colaborando com outros arquitetos, como Oscar Niemeyer. Participou da implantação da Universidade de Brasília, onde lecionou e coordenou a Pós-Graduação. Notabilizou-se por desenvolver ao longo de sua carreira uma obra que se caracteriza especialmente pela busca da racionalização e da industrialização da arquitetura, extremamente ligada a dois aspectos básicos da construção: o clima e a pré-fabricação, realizando diversas obras em diversas capitais como Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, transformando-se num dos mais importantes arquitetos do Brasil. Desenvolveu o projeto da Rede Sarah de Hospitais em todo o país, algumas escolas, centros religiosos, mobiliários urbanos tais como bancos, passarelas, terminais de ônibus, entre outros.
Ao longo de sua carreira ele conseguiu criar a sua identidade através de elementos marcantes como a utilização em todas as suas criações da cor amarela e vermelha como elementos de detalhes, outra marca registrada é a utilização de marquises arcadas em aço ou em concreto pré-moldado.

Sua mais recente obra para iniciativa privada, encomenda feita por um grande amigo seu, está sendo realizada no bairro do Rio Vermelho, bairro tradicionalmente boêmio da cidade de Salvador e impressiona pela sua grandeza em escala volumétrica despertando a curiosidade dos transeuntes.
No terreno possuía uma casa, a qual os donos deram liberdade para uma reforma para adequar ao espaço almejado pelo inquilino – proprietário do empreendimento – porém esta não poderia ser demolida.
A proposta do estabelecimento é mais uma novidade em Salvador, onde se atrela a música, comida italiana, e livraria, oferecendo entretenimento para todos os gostos da população. Com diversos ambientes, Lelé soube dialogar e registrar a sua marca. É nítido a presença do aço, desde a estrutura à luminárias projetadas pelo mesmo, bem como a utilização da cor vermelha em pontos focais como numa chaminé do forno à lenha.
A obra é composta externamente por um grande telhado de duas águas de telha metálica, que preenche o terreno em quase sua totalidade com grande declividade dando a impressão de abraçar a antiga casa. Também consta como um "carimbo": uma marquise metálica de cor vermelha convidando para o espaço interno. Internamente possui no teto, uma estrutura em aço para comportar o operador de som com um sistema de roldanas para livre circulação no teto do salão, é importante observar, também, que este sistema é mais uma criação do arquiteto, visto que anteriormente o mesmo também projetou o plano inclinado da Rede Sarah em Salvador e as camas-maca criadas para os pacientes do hospital.

O equilíbrio que paira nas construções de Lelé e o repouso de suas formas evocam o conceito utilizado pelos Proun, sendo que sua arquitetura não se relaciona diretamente aos construtivistas, pois, a escala utilizada é mais humana até mesmo o seu propósito, que visa a aproximação do homem com a natureza.
Esse restaurante se assemelha a uma outra construção de Lelé, o módulo do Centro Integrado de Ensino em Brasília, o qual também possui sua fachada de vidro de cor escura, e telhado com grande inclinação. É notável como ao longo do tempo a sua construção se repete, principalmente os seus princípios, mas se adequa à contemporaneidade das formas.
É inegável que talento e inovação são características marcantes desse arquiteto, porem pode-se observar nitidamente a forte relação entre o saber e o poder, visto que, a maioria das obras de Lelé esta relacionada a órgãos governamentais e desta forma com disponibilidade de capital permite que o arquiteto tenha liberdade nas suas criações.


terça-feira, 29 de maio de 2007

Ao menos uma mulher no séc. XXI






O suprematismo do russo Malevitch sucessor de El Lissitzky fizeram a fama da iraquiana Zaha Hadid visto que ela se utiliza de princípios semelhantes, desde a forma à funcionalidade do projeto. Do mesmo modo que reinventa suas tipologias de apresentação, fugindo do convencional, interagindo com a informática, fazendo com que o cliente “mergulhe” no jogo de sobreposições e tridimensionalidade no segundo plano.
Depois de longo período de sucesso internacional sem obras construídas, a iraquiana inundou o mundo com seus trabalhos: nos últimos três anos foram concluídas uma estação intermodal na França (premiada com o Mies van der Rohe europeu), uma rampa de esqui na Áustria e um centro de arte nos Estados Unidos.
De alguns anos para cá, foram concluídas, com alarde, obras suas mundo afora. Algumas são resultados de concursos, outras foram feitas por convite.
Evitando o dogmatismo, Zaha Hadid coloca em seus projetos a deformação, a justaposição e a estratificação, e introduz complexidade nos objetos arquitetônicos.
Em 2004, o prestigiado prêmio Pritzker, internacionalmente considerado como o prêmio Nobel da arquitetura, foi atribuído, pela primeira vez em 26 anos, a uma mulher. os júris sublinharam os aspectos inovadores, criativos e originais dos projetos realizados por Zaha Hadid ao longo do seu percurso profissional.
As suas concepções arquitetônicas são frequentemente apelidadas como desconstrutivistas e o seu trabalho evidencia as suas capacidades para lidar com as características de cada espaço urbano, expandindo e intensificando as relações com a paisagem existente, procurando atingir uma estética de caráter visionário.
Zaha introduziu a noção de paisagem artificial há muito tempo e esta é uma analogia poderosa que introduz muitos elementos novos e poderosos ao repertório arquitetônico. Portanto, em primeiro lugar, é importante que usemos o termo Paisagem Artificial para que possa ser tratado como um tema abstrato. Não estamos falando sobre uma imitação visual da natureza. Estamos falando apenas sobre certos elementos de composição como inclinações e curvaturas no sistema. Também estamos falando de definições espaciais mais indeterminadas e abertas como, por exemplo, cumes, vales, uma floresta com graus de densidade; elementos que marcam e organizam o espaço com, gradientes, com divisas indefinidas e formas latentes.
Na natureza há muita riqueza formal, mas não existem limites determinados e distintos, não existem lugares absolutos e nem dimensões definidas
São idéias mais vagas, mais abertas; são aquilo que você apreende, em um certo momento, por razões específicas. Os gradientes, as inclinações, as divisas indeterminadas, dão-nos liberdade de ver e encontrar o que queremos ver e encontrar. Existe latência, ou seja, um tipo muito produtivo de flexibilidade, que não exige transformação física ou elementos móveis.


É curioso pensar que uma mulher de nacionalidade iraquiana, sociedade esta que põe a figura feminina num invólucro, tenha se destacado numa época em que estavam havendo tantos conflitos na região da sua terra natal. Época em que o Iraque estava sendo constantemente atacado. Não seria uma tentativa do mundo ocidental em prestigiar alguém deste local para dar enfoque na sua arte e amenizar o terrorismo que vem acontecendo.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Ópera Prima: o real cada vez mais próximo

O concurso Ópera Prima é um concurso promovido pela Braskem e escolhe os melhores projetos finais das universidades de arquitetura do Brasil.
Um dos projetos que se identifica aparentemente com os de El Lissitzky é a proposta de Requalificação da Pedreira do Morro Santana, que tem o objetivo de criar um centro cultural e um parque ambiental em meios a uma antiga degradação da natureza pelo homem. A aluna Marta Floriani Volkmer orientada pelo professor José Carlos Marques do Centro Universitário Ritter dos Reis em Porto Alegre conseguiu vencer o desafio de reconectar a capital gaúcha a um importante e desconexo ambiente natural.
Através das dimensões e da linguagem arquitetônica, a aluna resolve o problema dos desníveis com volumes de grande escala e de forma elegante.
É nítido como a informática vem dominando todos os processos de criação dos projetos, desde seus croquis até a sua execução. Essa proposta de interagir com a natureza também remete aos conceitos de Zaha Hadid, a qual tenta conciliar e dar uma continuidade à mesma.
Observando a qualidade dos projetos, nota-se como o fato de utilizar a tecnologia para a criação, parece incentivar e estimular uma maior diversidade de formas arquitetônicas e torná-la mais lúdica e real.

domingo, 27 de maio de 2007

A arquitetura líquida e a rigidez da forma

Comparar El Lissitzky com o grupo NOX comandado por Lars Spuybroek é visível o hibridismo dos volumes e das formas. Esta produção híbrida tem sido uma crescente inquietação diante das possibilidades de criação no campo da arquitetura e o cruzamento das linguagens.
Esta arquitetura liquida proposta tem como base o ciberespaço, sendo usada como referência ao espaço interconectado da rede global de computadores. Pode se dizer que o ciberespaço tem uma arquitetura constitutiva, cujas principais características são a imaterialidade, a liquidez, a mutabilidade e a interatividade. O seu desenvolvimento tem provocado inúmeras mudanças nas organizações sociais, políticas e econômicas das sociedades pós industriais, fenômeno que se reflete também no âmbito das disciplinas culturais, inclusive na disciplina arquitetônica.
Os integrantes do grupo NOX estão introduzindo mudanças nos modos de pensar, de planejar e de construir a arquitetura. Estes arquitetos, cuja formação profissional está intimamente vinculada ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação e dos programas infográficos voltados para o planejamento arquitetônico, acreditam que as mudanças no âmbito da disciplina arquitetônica devem estar fundamentadas em princípios e procedimentos projetuais que entendam a arquitetura como um espaço animado e interativo.
Com o advento da computação gráfica, eles começaram a utilizar as técnicas de animação infográfica digital, proporcionando mudanças nos procedimentos de representação e de criação do espaço arquitetônico e maior liberdade para projetar, visto que através de softwares foi possível criar formas ate então inimagináveis sendo chamadas superfícies topológicas, e antes dessa tecnologia, a arquitetura era estável e pura na sua estrutura, assegurada pelas das coordenadas fixas e atemporais.
O fato de fugir da forma geométrica tradicional e criar forma fluida, mutável e maleável acaba gerando outra forma abstrata, mas composta de elementos de fechamentos, como piso, parede e teto.
A arquitetura Proun também tem no seu conceito o espaço cósmico como base para sua dimensão. Observando que na década de 30 essas idéias já permeavam pelos arquitetos, com o intuito de inovar dentro de cada estilo, mas eram limitados pelas técnicas de representação e principalmente construtivas.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Construtivismo, suprematismo, enfim... Arte


El Lissitzky fez parte da vanguarda russa e seu trabalho influenciou a Bauhaus, o construtivismo e o De Stijl.
O Construtivismo foi um movimento de vanguarda russa lançado em Moscovo, pouco depois da Revolução soviética, por artistas como Vladimir Tatlin, Alexander Rodchenco, El Lissitzky e Naum Gabo.
Para os construtivistas a pintura e a escultura eram pensadas como construções - e não como representações - guardando proximidade com a arquitetura em termos de materiais, procedimentos e objetivos, era um movimento da arte abstrata e buscavam indagar as propriedades abstratas da superfície pictórica da construção, da linha e da cor.
As propostas deste grupo chegaram à Alemanha da época da Bauhaus no início dos anos 20 - influenciando o Urbanismo, a Arquitetura, o Design e as Artes visuais.
O Construtivismo começou como um movimento escultórico derivado da colagem, evoluindo para objetos tridimensionais, utilizando o ferro, a madeira, o vidro, arame de aço, etc.
Estes objetos acentuam a noção de estrutura e movimento no espaço, por meio de tensões e equilíbrios em detrimento de massas sólidas e estáticas.
Os Construtivistas eram apologistas da anti-Arte, criticando os métodos acadêmicos e evitavam utilizar os suportes e as técnicas tradicionais: a tela e os óleos e a pintura de cavalete.
O termo Construtivismo surge pela primeira vez em Janeiro de 1922, num catálogo para uma exposição no Café dos Poetas em Moscovo, onde se afirmava que “todos os artistas devem ser operários, a fábrica é o local onde se cria e constrói a verdadeira vida”. O progresso, a velocidade e a máquina eram fatores influenciantes.O conceito tradicional de uma arte exaltante deveria ser abandonado, e em vez disso, a arte deveria estar ligada à produção fabril, à indústria e a nova ordem social e política.
O “Artista novo” devia abandonar as Belas-Artes, meramente contemplativas, pequeno-burguesas e reacionárias e tornar-se um artista ativo e interveniente no contexto social e da produção industrial (no sentido de designer industrial).
Inovaram radicalmente a propaganda e publicidade com a geometria, a colagem, a tipografia, a fotografia e a fotomontagem, a cerâmica, o desenho de têxteis, a moda, o cinema, o teatro, etc., - e mais tarde o design, a arquitetura e o urbanismo.
Os objetos artísticos seriam construídos a partir de materiais preexistentes, (pré-fabricação) e utilizando de modo conjugado todas as técnicas disponíveis na criação de novas sínteses e aplicáveis a todos os domínios, quer da produção, quer da vida humana, para a realização de uma nova sociedade e de uma nova realidade construída.
Tinham como teoria a noção de vanguarda, o que era comum ao futurismo, preocupações sociais com a tentativa de exprimir na arquitetura a igualdade social que o próprio governo queria transmitir, e inovar nas novas formas da arquitetura com características antiestéticas e funcionalistas.
O seu ideal era colocar a sua arte em produção, visando a satisfação das necessidades humanas básicas, através da definição científica e técnica dos seus requisitos, quantificados de modo objetivo.
Jamais a intenção enfática e prática da arquitetura coincidira com a lógica interna do desenvolvimento artístico, o construtivismo é uma estruturação arquitetônica global do meio ambiente, ou seja, uma obra de arte total, porém as tendências ditas construtivistas alimentam uma utopia de absorção total da arte, se adequando as vanguardas supostamente niilistas ou terroristas. Se assemelha também a arte suprematista pela redução da pintura a um espaço de formas euclidianas, de cores saturadas e planas; quadrados, retângulos e linhas, bem como o círculo e a cruz, se dispunham para representar a “superioridade absoluta da emoção pura”.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Sempre inovador e arrojado








El Lissitsky foi um arquiteto à frente de seu tempo. Grandes vãos, arquitetura arrojada, desafiando as estruturas.

Os trabalhos de Lissitsky constituem-se em uma das mais profundas discussões sobre a relação espaço-tempo nas artes visuais, os Proun (sigla de "novos modos de visão"). Os Prounen propõem um tipo de visualidade que anula as costumeiras três dimensões ao propor espaços abstratos onde se confundem os referenciais espaciais.

Seus trabalhos serviram como base de inspiração para muitas gerações de arquitetos na posteridade.